sábado, 3 de dezembro de 2016

Dois anos e meio de atraso e 200% de aumento

Prazo e custo das obras do Mercado extrapola o previsto no projeto inicial

Próximo de completar três anos e meio do incêndio que atingiu o segundo andar do Mercado Público de Porto Alegre, a conclusão da reforma e liberação do espaço sinistrado ainda não tem previsão para acontecer. A data e o valor inicial da obra já ultrapassam os números estipulados no projeto principal. Em relação a custos, houve um acréscimo de 200 por cento sobre o montante descrito no primeiro planejamento. Com base nas informações obtidas na placa de identificação da obra, o começo estava previsto para 3 de fevereiro de 2014 e conclusão para 30 de setembro do mesmo ano.
Conforme os gastos preliminares, os recursos aplicados na reconstrução do local eram na faixa de R$6,5 milhões. De acordo com informações obtidas através da Prefeitura de Porto Alegre, já foi disponibilizado e aplicado na reforma a quantia de R$9,6 milhões de um total de 19,5 milhões. Todo esse valor foi arrecadado através do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na gestão da presidente Dilma Rousseff, mas ainda não disponibilizado por completo.
Com relação ao dinheiro já investido, as fases estipuladas no esquema inicial estão sendo concluídas pouco a pouco. A restauração das alvenarias, revestimentos internos, esquadrias, pisos, construção de laje e telhado cerâmico e recuperação da estrutura metálica da cobertura sobre o pátio central são consideradas etapas vencidas. O entrave maior para a liberação do acesso ao segundo piso da construção continua sendo a adequação às exigências dos bombeiros para liberação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI).
Através de novo contato com o coordenador da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre (SMIC), Carlos Vicente Bernardoni Gonçalves, ainda não se tem recurso e datas para que sejam feitas tais adequações. Ele também coloca que alguns artifícios são utilizados para que os vencimentos – tanto de tempo quanto de recursos - possam ser estendidos. São os chamados aditivos de dinheiro e aditivos de prazo. O aditivo de dinheiro é utilizado quando se aumenta o custo de uma obra, dentro de um percentual considerado legal, até o limite de 25 por cento do valor total licitado. Sendo assim, se o custo inicial seria, hipoteticamente, de R$1 mil, pode-se atingir o valor total de R$1,25 mil que se encontra dentro da legalidade do processo licitatório.
O outro modelo de aditivo que pode ser colocado em prática é o de prazo. Esse modelo é utilizado quando o fornecedor do material precisa por algum motivo atrasar a entrega da matéria prima essencial para o andamento da obra. Nestes casos, não há prazo legal estipulado. Na reforma do Mercado, foi utilizado o recurso do prazo para que a parte elétrica fosse concluída juntamente com a troca do telhado. Com essa mudança, não há alteração no custo total da obra, apenas uma prorrogação do prazo definido no projeto inicial.
Em contato feito com um dos permissionários dos estabelecimentos que se situavam na parte superior do prédio, Sr. Francisco Assis dos Santos Nunes, responsável pelo Restaurante Sayuri, o atendimento à clientes foi reduzido a 30 por cento número que era praticado quando das lojas estavam em seus locais de origem. Tendo esses dados, o prejuízo que é contabilizado pelos proprietários supera o percentual de 70 por cento de diferença entre os clientes atendidos antes do incêndio e o número atendido agora.
Francisco também coloca que as despesas continuam praticamente as mesmas. O valor do aluguel dos locais diminuiu apenas 50 por cento, mas a redução do espaço físico acarretou em baixa na quantidade de funcionários, no tamanho dos estoques e esses fatores dificultam para que se consiga valores mais atrativos aos clientes, sem prejuízo aos proprietários.
Quando questionado sobre a ciência dos permissionários quanto ao cronograma das obras e dinheiro gasto, as palavras dele são: “- Olha, o recurso não veio todo mais por incompetência nossa do que por outro fato. Quando tu fazes um projeto e manda para lá (Brasília), eles aprovam, o dinheiro vem e tu faz a obra. Então o que acontece? É isso: incompetência. Mas eu não estou te dizendo isso. A versão que eu vou te dar é que estamos tratando de um patrimônio histórico, a demanda é mais difícil, tudo é mais demorado, demanda mais tempo...”  coloca Francisco.
Em contato feito com o responsável pelo Restaurante Mamma Mia, Beto como é chamado, não quis se pronunciar a respeito. Questionado se teria interesse em responder algumas perguntas sobre a mudança no local de atendimento de seus clientes, sua resposta foi: “- Não estou muito afim de responder. Está bem complicado para nós, por isso prefiro não falar.
Novamente não fomos atendidos pelo presidente da Associação do Comércio do Mercado Público (ASCOMEPC), Ivan Konig Vieira, que não se encontrava nas dependências da Associação e não havia previsão de retorno ao local.
Com base nas informações coletadas, entramos em contato com as assessorias de imprensa do atual vice-prefeito, Sr. Sebastião Melo e também do prefeito eleito, Sr. Nelson Marchezan Júnior. Ambas deram retorno. O assessor do vice-prefeito repassou linha direta com o político e foram feitos alguns questionamentos sobre o andamento e conclusão da reforma, transição do projeto para a atual gestão e se a questão de ser um prédio histórico foi o maior problema encontrado para o cumprimento dos prazos fixados no plano inicial. Até o fechamento desta matéria o atual vice-prefeito não respondeu aos apontamentos feitos.
A assessoria do Deputado Marchezan passou a informação de que o parlamentar estaria com agenda lotada e buscaria adequar um horário para que fossem respondidos os questionamentos solicitados. Também não obtivemos retorno do prefeito eleito até o momento.
Sem as respostas das autoridades responsáveis e com os prazos e valores acima dos calculados inicialmente, a população aguarda uma definição com apenas o andar inferior do prédio histórico liberado para o fluxo de pessoas.

O sinistro ocorreu no dia 06 de julho de 2013, por volta das 20h30 e destruiu a parte superior do prédio localizada entre as Avenidas Borges de Medeiros e Júlio de Castilhos. O local ficou fechado ao público até o dia 13 de agosto de 2013, quando os bombeiros, após vistoria, liberaram o acesso apenas ao andar térreo do prédio.

Fome, saúde, violência, poluição, desmatamento

Problemas mundiais com uma solução em comum: o veganismo
  
            Você já se imaginou fazendo um churrasco no final de semana? Os amigos reunidos, a família, aquele clima agradável, o cheirinho característico, todo ritual de preparação do “evento” e na hora de colocar o espeto na churrasqueira, ao invés de carne e derivados de animais, contar com outros ingredientes?
Estranho? Para os veganos, não. É o que nos contou o professor universitário Dr. Fernando Antunes, em entrevista aos alunos do curso de jornalismo da Faculdade São Francisco de Assis.
Sua caminhada até se tornar vegano passou pelo vegetarianismo. Para quem não sabe, são pequenas diferenças que identificam essa separação. No vegetarianismo, o regime alimentar é baseado na exclusão da dieta de todos os tipos de carnes (boi, peixes, aves, frutos do mar, porco e outros animais) A base fundamental da alimentação inclui produtos de origem vegetal, com ou sem o consumo de laticínios e/ou ovos. No veganismo, além de ser considerado uma filosofia de vida baseada no discurso pacificador e da não violência, o regime alimentar exclui completamente da dieta todos os tipos de carnes já citados anteriormente, inclusive seus subprodutos, bem como alimentos que contenham em sua fórmula produtos de origem animal e seus respectivos derivados: leite, ovos, queijo, manteiga e mel.
Seguindo a conversa com os educandos, Fernando apresenta dados de pesquisas onde o aumento no consumo de carnes vermelhas indica 48% no risco de desenvolver Diebetes tipo 2, enquanto a diminuição do seu consumo, pode reduzir em 14%, porém em um período de 16 anos. Ou seja, o malefício se apresenta de forma mais imediata enquanto os benefícios levam mais tempo para serem identificados.
Outro ponto colocado pelo entrevistado é a questão do desmatamento e da poluição ambiental. O espaço utilizado para a criação de vacas serviria para uma grande produção de grãos e vegetais. Como exemplo, em apenas um hectare de terra, é possível produzir cerca de 80 kilos de carne, enquanto no mesmo espaço, são produzidos de 40 a 50 mil pés de tomate. Considerando apenas esses números, a redução do consumo de carne animal pode recuperar grande parte das terras desmatadas no planeta.
Quando se fala na questão poluição, Fernando coloca estudos que apontam uma quantidade significativa de emissão de gases oriundas da criação pecuária e produção de seus subprodutos. São jogados na atmosfera por volta de 32 mil toneladas de dióxido de carbono, o famoso CO2, por ano. Ou seja, 51% de todas as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa em todo o mundo. E os números se tornam ainda mais alarmantes quando se trata de outros gases ainda mais danosos ao ambiente. Quando se fala em óxido nitroso, a pecuária é responsável pela emissão de 65% das emissões humanas desse gás e seu poder de contaminação da atmosfera é 296 vezes maior que o CO2, sem falar que sua permanência no ar chega por volta dos 150 anos.
Fernando também aponta o veganismo como uma solução para a diminuição da violência no planeta. Cita que quando temos o respeito pelos animais domésticos, é incoerente não levar o mesmo tratamento aos outros seres desta espécie, independente se são próximos a nós ou não. Ele acredita que a diminuição da violência no abate dos animais, colabora para a diminuição da violência mundial.
Tratando da questão da fome mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a única forma de redução dos impactos ambientais, da escassez de combustíveis e da diminuição do número de mortes por falta de alimentos e desnutrição é a migração da sociedade para uma dieta vegana. Com a previsão de crescimento populacional beirando os 9,1 bilhões de pessoas em 2050, o consumo de carnes e derivados vai tornar-se insustentável. O aumento da criação animal, consome grande parte da produção de cereais e grãos, grande parte da água doce do planeta, sem falar na alta produção de pesticidas e fertilizantes, produtos que também aumentam a poluição atmosférica e o consumo de água potável.

Baseado nessas colocações apresentadas, o Prof. Fernando encerrou sua coletiva deixando como recado aos novos jornalistas uma reflexão acerca do assunto. Saber que o discurso de não violência e colaboração com a situação atual do planeta está plenamente relacionado com suas opções de vida e crenças. Saber que é possível ajudar a recuperar o mundo onde vivemos através de mudanças pequenas nos hábitos diários. Saber que um simples churrasco pode se transformar em um evento saudável, com baixo potencial de poluição e incluso na filosofia de proteção do planeta onde vivemos.

Descumprimento das leis de trânsito. Qual o real motivo?

Trânsito na madrugada da capital é recheado de infrações e pobre em acidentes

            O trânsito na capital gaúcha tem passado por uma reformulação que consiste em obras para melhorias viárias e alterações no fluxo de ruas e avenidas, com a mudança de sentido no tráfego de veículos e isso impacta no dia-a-dia da população. Outro fator que também modifica a rotina dos motoristas é a insegurança nas ruas da cidade. Este é um ponto no qual os usuários do sistema viário de Porto Alegre levam em conta ao decidir se respeitam ou não as leis de trânsito no turno da noite e madrugada.
            De acordo com a Assessoria de Comunicação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a fiscalização no período noturno é feita através da presença dos agentes de trânsito nas ruas ou por meio de equipamentos de monitoramento de velocidade. Embora a cidade esteja equipada com 114 câmeras que possibilitam um controle abrangente da grande maioria dos bairros da capital, nenhuma autuação é feita com base nas imagens captadas por esse sistema.
            Em conversa com José Carlos Gonçalves, taximetrista que atua no turno pós 19h, as principais colocações são quanto ao desrespeito às leis de trânsito por parte dos motoristas na faixa horária entre 0h e 6h. De acordo com ele, a maneira como essas leis são desrespeitadas é que acaba preocupando. “O não parar em um sinal fechado é um desrespeito à legislação, mas dependendo da maneira que se faz, pode ser tolerado, porém, da maneira que é feito, em alta velocidade e sem um mínimo de atenção, torna essa transgressão extremamente perigosa”, coloca o profissional.
            A questão segurança está presente no relato do operador de áudio Silfarnei Junior, funcionário de uma empresa de comunicação que se locomove de casa para o trabalho por meio de veículo próprio no horário da madrugada. Para ele, insegurança, embriaguez e poder aquisitivo são fatores que colaboram ao não cumprimento das normas estabelecidas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Na sua colocação, o fato de possuir um carro mais potente, passa a sensação que transgredir o limite de velocidade é permitido e até por vezes legal, já que a impunidade impera.
            A EPTC por sua vez, traz números que apontam queda dos acidentes em 2016, em comparação aos anos anteriores. Conforme o órgão, entre 2012 e 2014, houve uma diminuição de 17 por cento na quantidade total de ocorrências. Analisando o período de janeiro a julho do ano vigente, os dados são menores que a mesma amostra feita em 2015, o que acaba contrastando com os depoimentos coletados. Mesmo tendo no trânsito mais desrespeito às leis, a consequência de acidente não ocorre. É como se burlar o CTB fosse avalizado, ou seja, uma maravilha.